ENTRE SECAS E INTENSOS VERÕES
Como brisa ao alvorecer
E o orvalho de cada dia
Fragmentos de um conviver
Suave som de uma melodia
Que o tempo pode reconhecer
Nas conotações de uma poesia
Nas campinas e intensos roçados
Entre muitas secas e fortes verões
Por Padre Cícero sendo abençoado
Povo trabalhador de imensos sertões
Romeiros e peregrinos de muitos estados
Com promessas, pedidos e orações
Num recordar de acontecimentos
Reconhecendo o valor das romarias
Cada momento histórico, um argumento
Referenciadas com a sabedoria
Que na essência sertaneja dos sentimentos
Revelando a expressão de uma harmonia
São como as folhas da laranjeira
Serenidade traduzindo a gratidão
No compreender do olhar de uma doceira
Que nos doces encontrava uma poetização
Nos terços e orações de uma romeira
Os valores que revelam a devoção
Lembranças do rádio de pilha
Para assistir as missas dominicais
Do fogão de lenha de todos os dias
Das panelas de barro artesanais
Do cuscuz ralado que ela fazia
Dos chás de ervas medicinais
Do apanhar do algodão no algodoeiro
De cada pai nosso e ave maria
Do respeito e devoção a Juazeiro
Dos doces de jerimum que ela fazia
Dos umbus do sagrado umbuzeiro
Dos bem-te-vis cantando em sinfonia
Nuances de fortes lembranças
De uma sertaneja agricultora
Que via no sertão a esperança
De uma gente trabalhadora
Cheia de ternura e temperança
O semblante de uma batalhadora
Com Santa Brígida a abençoar
Todos agricultores e vaqueiros
Com sentimento a demonstrar
A expressividade do povo romeiro
Traduzidas num singelo poetizar
Lembrando da luz de um candeeiro
OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico baiano “Sílvio Jessé”.
Marcos Antônio Lenes de Araújo
Enviado por Marcos Antônio Lenes de Araújo em 18/07/2020
Alterado em 03/03/2024