NA CARROÇA DE SENHORINHA
Com respeito aos retirantes
Pelas estradas dos sertões
Nas secas preponderantes
Buscavam melhores condições
Nesses versos que são viajantes
E me trazem inspirações
São versos de recordações
Intensas lembranças e saudades
Histórias contadas com o coração
De quem pode viver com dignidade
Na carroça carregava o seu ganho pão
Trabalhando com honestidade
Ela se chamava de Senhorinha
Uma flor vistosa e silvestre
Livre como uma andorinha
Que amava a rotina campestre
Mãe e amiga da doceira Toinha
Tinha Jesus como seu grande mestre
Zeladora do Sagrado Coração
Levando no peito a fita do Apostolado
Devota de padre Cícero Romão
No sertão trabalhava na lida com o gado
Nos miúdos tratados com suas mãos
Tirava o sustento abençoado
Nas feiras todos a reconheciam
Mulher guerreira e lutadora
Na carroça chegava dona Maria
A simples e humilde agricultora
Os jerimuns que ela distribuía
Mostrando ser uma grande pessoa
Foram diversas viagens a Juazeiro
Demonstrando sua imensa devoção
Viajava com o povo romeiro
Rumo as romarias das multidões
Com terços rezados por viageiros
Com seu rosário em suas mãos
Essa foi a mulher que me alfabetizou
Num soletrar que jamais poderei esquecer
A minha irmã e avó com carinho e amor
Agradeceu a Deus cada amanhecer
A cada dia que me abençoou
Eu guardo no peito com muito prazer
OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico chileno Gonzalo Cárcamo.
Marcos Antônio Lenes de Araújo
Enviado por Marcos Antônio Lenes de Araújo em 13/03/2021
Alterado em 03/03/2024