CAMINHOS DE UMA HISTÓRIA

  Numa artesania de palavras faziam de cada história, um momento para reflexão e com caneta e lápis nas mãos escreviam com simplicidade longas trajetórias de vivências, lutas e trabalhos no campo num imenso cenário sertanejo.

  Nessa perspectiva, os cordéis, preces e orações escritas de forma artesanal, desenhando com belas letras, a vida simples de camponesas no sertão, eram vendidos nas feiras livres de Santa Brígida e Canindé de São Francisco.

   Ali próximo em Canudos, uma intensa religiosidade e a sobrevivência daqueles que na seca nordestina encontraram a água da esperança, lutando com perseverança em busca de melhores condições de vida.

 Ao passar pelos sagrados registros históricos, lembravam das viagens transportadas no pau de arara ao imortal berço das romarias, que expressavam a fé e a devoção, ao chegar ajoelhavam-se e pediam perdão, levando a sinceridade no coração e as chuvas de graças recebidas, a fartura no campo e a certeza de dias melhores.

  As bonecas de pano, os bordados feitos à mão, as panelas de barro eram poesias que expressavam com sabedoria, uma singela arte, sendo manifestações literárias dos retirantes nordestinos que enxergavam nas romarias, um caminho de peregrinação, promessas e agradecimentos pelas graças alcançadas.

  Eram como andorinhas,  contando histórias de suas origens, confirmadas com o trabalho no campo, no agreste, no sertão e no litoral voaram em busca de liberdade.

   Contavam que ao chegar no berço das águas, os sobreviventes de Canudos buscavam a água da motivação, construindo sonhos e projetos para o futuro.

  Assim, eram andorinhas da evangelização, fundamentadas no Sagrado Coração de Jesus, expressando elementos literários das romarias.

   Aos 27 dias do mês de agosto de 1977, uma delas pedia a Nossa Senhoras dos Prazeres, bênçãos, forças e coragem para continuar a sua missão, gestante orava com devoção e agradecia todos os pedidos atendidos.

  Contudo, compreendiam que as palavras escritas poderiam representar importantes momentos de suas vidas, expressando as fragilidades, os sentimentos e os caminhos percorridos por camponesas num imenso sertão de esperanças.

Observação:

A imagem de alusão ao Raso da Catarina foi retirada do site Freepik.